publicada originalmente em: http://ladyscomics.com.br/didi-helene-crocomila¸.¤*¨¨*¤.¸¸…¸ .¤¸.¤*¨¨*¤¸.¤*¨¨*¤.¸¸…¸ .¤¸.¤*¨¨*¤¸.¤*¨¨*¤.¸¸…¸ .¤¸.¤*¨¨*¤¸.¤*¨¨*¤.¸
Didi Helene (Crocomila)
Didi desenhando em Rosário – Argentina. Ela sempre faz um caderno desenhos quando viaja e pretende um dia lançar um livro com eles. |
A partir desta semana os leitores passarão a conhecer as parceiras e convidados do 1º Encontro Lady’s Comics: Transgredindo a representação feminina nos quadrinhos. Conheça a nossa parceira Didi Helene.
Desenho feito para o Encontro Lady’s Comics :D |
Didi Helene (Crocomila)
desenha desde que se lembra por gente. Apesar de arquiteta e doutoranda
em planejamento urbano, trabalha com ilustração para livros, cartazes e
design gráfico desde 1999. Mantém um blog de quadrinhos desde 2010 e
lançou seu primeiro livro como cartunista em 2012.
Lady’s – Me conte sobre você. Onde nasceu, o que estudou e quando tomou gosto pelo desenho?
Eu nasci em São Paulo,
capital, e cresci no centro da cidade, com uma vida bem urbanóide.
Sempre fui fissurada em quadrinhos e tinha a sorte enorme de poder
devorar a coleção de quadrinhos da biblioteca do meu pai. Também sempre
gostei de desenhar, e foi essa uma das razões que eu estudei
arquitetura. O engraçado é que não pensava em fazer meus próprios
quadrinhos, mesmo sendo aficionada por ler e desenhar e o pior, meu
primeiro namorado tinha sua própria revista de quadrinhos (A “Sagu”, do
Brancalion)!! Mas mesmo assim, não sei porque, eu nunca tinha pensado
que eu poderia produzir minhas próprias histórias em quadrinhos.Hoje em
dia eu acho que talvez tenha a ver com pouca representatividade de
autoras de HQs mulheres, que eu só fui conhecer algumas bem mais tarde,
quando estava no meio da faculdade (mais ou menos em 2000 e pouco). Acho
que por isso eu não me “via” como cartunista, sabe? Eu resolvi fazer
quadrinhos já mais velha, com quase 30 anos! A internet foi uma ótima
aliada, pois pude espalhar meus quadrinhos por aí!
Lady’s – É nítido que você os utiliza
seus desenhos como meio de militância, protesto, crítica…Você escolheu
ser artista para falar das desigualdades ou foi a arte quem te escolheu?
Quando foi dando essa junção e como foi lançar uma HQ sobre a ditadura?
Cara essa pergunta é difícil hein? Quem
veio primeiro o ovo ou a galinha? :) hehehe. Então desenhar sempre fez
parte da minha vida, e militância foi fazendo parte conforme fui
envelhecendo, conhecendo movimentos sociais e tal, coisa que começou com
as greves de estudantes que fazíamos na faculdade. Depois participei de
várias movimentos urbanos de moradia mas também rurais como o MST, etc e
trabalhei muitos anos com arte educação e educação popular, então acho
que não tinha como meus quadrinhos não expressarem essa relação. A
primeira história em quadrinhos que fiz foi o memorial do meu trabalho
de conclusão de curso, “Todo espaço mal utilizado será ocupado”
de 2005, fruto de um trabalho com os movimentos de moradia do centro de
São Paulo. Então sempre teve essa relação, mas quando comecei meu blog
de quadrinhos, em 2010, eu tinha pensado objetivamente em fazer
quadrinhos que discutissem gênero. Na época eu não conhecia ninguém que
fizesse quadrinhos desse tipo… também porque tinha muito menos
cartunista mulher acessível pela internet. Na minha opinião, teve um
grande boom desde então de minas fazendo quadrinhos, principalmente por
causa da internet, facebook, catarse, etc. O zine XXX foi fundamental
nesse sentido, foi um espaço de incentivo que fez várias minas começarem
a fazer quadrinhos pra valer… tudo isso descentralizou a distribuição e
potencializou mesmo as minas se jogarem no mundo dos quadrinhos… é
foda, isso mostra como a parada ta mesmo muito centralizada ainda nos
homens… Sobre o livrinho da ditadura que ilustrei, também foi graças a
internet. Na real, uma amiga me indicou, mas como eu tinha o blog, as
autoras do livro foram lá, viram e curtiram a produção. Foi um processo
super legal fazer o livro. A gente no final foi meio co-autoras em tudo,
porque fazer desenho e história junto, que é a característica de uma
história em quadrinhos, não tem como fazer sem estar muito conectada. Eu
aprendi um monte sobre a ditadura com elas, que viveram na carne essa
época. Foram 6 meses de trabalho, fazendo historyboard junto, desenhando
esboços da história, criando os personagens, fazendo pesquisa de
imagens da época, lendo relatos, vendo filmes sobre a ditadura pra
depois finalizar todos os desenhos, o acabamento em nanquim… os desenhos
foram todos feitos à mão. A gente também tentou priorizar no livrinho
personagens mulheres pensando na importância da representatividade
feminina nas histórias, coisa que vocês discutem muito por aqui no Ladys
né? Então, eu acho esse livrinho é super importante, principalmente
porque ainda não tem quase nada desse tipo para crianças/jovens sobre a
ditadura no Brasil… é uma pena que ele teve uma tiragem super pequena
(mil cópias) e não vende em livrarias. Foi por isso que disponibilizamos
ele na integra na internet.
Lady’s – O nome do seu blog é “ainda viro cartunista”, ao que me parece você já é. :)
É difícil ser cartunista?
É difícil ser cartunista?
Tá vendo como eu tinha
tanto complexo que quando fiz o meu blog de quadrinhos botei esse nome!
Vai vendo… mas agora não quero mudar, porque já ficou meio uma marca
hehehehe Ser cartunista é difícil sim. Principalmente viver disso. Eu
tenho que me virar fazendo outras coisas pra me sustentar e desenho nas
horas vagas… é foda, tento fazer um desenho novo por semana, mas, mesmo
assim, as vezes não dou conta de mantar essa assiduidade. Queria poder
ter mais tempo pra me dedicar de verdade.
Acompanhe o trabalho da Didi
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